Dinâmica e gestão ambiental: o Cerrado

Dalmo Fernandes Martins
é pesquisador, bacharel e licenciado em Geografia
dalmo@uft.edu.br

Nos últimos anos a comunidade científica internacional, nacional e local está em alerta às questões ambientais quanto aos aspectos da preservação e exploração dos recursos naturais do meio ambiente (sistemas). No Brasil, os estudiosos que abordam essa temática têm apresentado relevantes estudos e trabalhos científicos focando a vulnerabilidade ambiental do bioma Cerrado. Para eles, os possíveis riscos podem revelar um estado de comprometimento do sistema e sua capacidade de superação.

O Cerrado localiza-se basicamente no Planalto Central do Brasil, sendo o segundo maior bioma do país em extensão, superado apenas pela Floresta Amazônica. Abrange como área contínua os estados de Goiás, Tocantins e o Distrito Federal, parte dos estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rondônia e São Paulo, também ocorrem áreas disjuntas ao norte nos estados do Amapá, Amazonas, Pará e Roraima e ao sul do país em pequenas ilhas no Paraná.

A diversidade da flora e fauna, climas, solo e topografia existente nessa extensa região resulta no bioma denominado Cerrado, o qual o termo significa “fechado ou vegetação densa”. Conforme Ribeiro e Walter (1990) o cerrado caracteriza-se pela presença de invernos secos e verões chuvosos, um clima classificado como “tropical chuvoso”. Apresenta média anual de precipitação da ordem de 1500mm, variando de 750 a 2000mm. As chuvas concentram-se praticamente de outubro a março (estação chuvosa) e a temperatura média do mês mais frio é superior a 18ºC.

A vegetação do Cerrado, em sua maior parte, caracteriza-se por savanas estacionais, com presença de matas de galeria perenes ao longo dos rios. Há quatro tipos de formas fisionômicas da vegetação savânica: campo limpo, campo sujo, cerrado stricto sensu e cerradão. Estas diferem entre si em relação à composição botânica e à estrutura da vegetação, ocorrem ainda com menor freqüência as veredas e campos rupestres.

No passado, o Cerrado era visto como um lugar improdutivo de solos ácidos de baixa fertilidade, ditos distróficos e, de pouco valor econômico. O Cerrado não se prestava para agricultura e a única forma de tirar algum proveito dele era a extração de lenha e a pecuária extensiva de gado rústico. Atualmente o bioma Cerrado é visto como a nova fronteira agrícola, lugar de prosperidade, de solos agricultáveis se corrigidos. Só que esta ocupação desplanejada, seguida de uma expansão agrícola extremamente capitalista tem um preço, a devastação.

Diante destes pressupostos, cabe ressaltar que muitos aspectos aqui apresentados estão relacionados diretamente a ação antrópica. Um péssimo exemplo são as queimadas, um “legado” que é passado de pai para filho desde os primeiros habitantes que ocuparam o bioma Cerrado.

Temos muito a conhecer a diversidade das espécies da flora e fauna principalmente a exuberância da flora, pouco se sabe, pouco se conhece. E ainda, temos muito por fazer e comemorar neste dia 11 de setembro, dia que se comemora o Dia do Cerrado. Para nós, fica o exemplo de sobrevivência, de persistência e de resistência pela vida, todo o ano se queima e como a fênix mitológica o Cerrado ressurge das cinzas e a vida continua.

Jornal do Tocantins
Coluna Tendências e Idéias
11 de setembro de 2008.

Acesse ao links:
1 - http://www.youtube.com/watch?v=GBrddgt8jQQ&feature=fvw
2 - http://www.youtube.com/watch?v=ijXT6QvcADw&feature=related
3 - http://www.youtube.com/watch?v=U0X06LLuuK8&feature=related
4 - http://www.youtube.com/watch?v=WCN4aasmUbQ&feature=related